A neuropatia auditiva é uma condição que afeta a forma como o som é transmitido do ouvido interno para o cérebro. Apesar da orelha interna captar os sons normalmente, há uma falha na transmissão desses sinais através do nervo auditivo, o que provoca dificuldades de compreensão, especialmente da fala.
Embora ainda seja pouco conhecida pela população em geral, a neuropatia auditiva é uma causa importante de perda auditiva, tanto em adultos quanto em crianças.
Neste artigo, você vai entender o que é a neuropatia auditiva, suas causas, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento.
O que é neuropatia auditiva?
A neuropatia auditiva é um distúrbio na comunicação entre as células sensoriais da cóclea (células ciliadas internas) e o nervo auditivo, ou ainda entre o nervo auditivo e o cérebro. Com isso, o som chega ao ouvido interno, mas não é interpretado corretamente.
A condição pode se manifestar de forma unilateral (em apenas um ouvido) ou bilateral (nos dois ouvidos), sendo mais comum em crianças, mas também possível em adultos.
Neuropatia auditiva – CID
A neuropatia auditiva isolada não tem um CID específico próprio totalmente dedicado a ela. Ela costuma ser classificada dentro dos códigos que abrangem perdas auditivas neurossensoriais. Os CIDs mais usados são H90.4, H90.5 ou H93.3, dependendo da apresentação clínica:
- H90.5 — Perda auditiva neurossensorial bilateral
- H90.4 — Perda auditiva neurossensorial unilateral com audição normal no ouvido contralateral
- H93.3 — Outros distúrbios do ouvido interno (quando se quer ser mais genérico ou abranger a neuropatia especificamente)
Além disso, em situações específicas (por exemplo, quando associada a síndromes genéticas), pode haver outros códigos complementares, mas para fins gerais de diagnóstico isolado de neuropatia auditiva, esses acima são os principais usados.
Quais são os sintomas da neuropatia auditiva?
Os sintomas podem variar, mas em geral incluem:
- Dificuldade para entender a fala, principalmente em ambientes ruidosos
- Percepção de sons de forma distorcida
- Flutuação da capacidade auditiva (melhora e piora ao longo do tempo)
- Respostas auditivas inconsistentes
- Em crianças, atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem
Vale destacar que nem sempre a perda auditiva é severa — muitas vezes, a audição de sons simples pode ser preservada, mas a compreensão da fala é muito prejudicada.
O que causa a neuropatia auditiva?
As causas da neuropatia auditiva podem ser variadas, incluindo:
- Complicações neonatais, como prematuridade ou icterícia grave
- Falta de oxigenação no parto
- Infecções virais que afetam o sistema auditivo
- Fatores genéticos
- Uso de medicamentos ototóxicos
- Doenças neurológicas, como neuropatias periféricas
- Traumas ou tumores envolvendo o nervo auditivo
É importante lembrar que, muitas vezes, a neuropatia auditiva tem origem multifatorial, principalmente em crianças.
Como é feito o diagnóstico da neuropatia auditiva?
O diagnóstico da neuropatia auditiva exige uma investigação clínica cuidadosa, associada a exames audiológicos específicos.
Os principais exames são:
- Audiometria tonal e vocal: avalia a percepção dos sons e da fala
- Emissões otoacústicas: verifica a função das células da cóclea
- Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE ou BERA): avalia a transmissão do som até o cérebro
A presença de emissões otoacústicas normais com alteração nos potenciais evocados é uma característica marcante da neuropatia auditiva.
Neuropatia auditiva infantil: atenção redobrada
Em crianças, a neuropatia auditiva pode afetar gravemente o desenvolvimento da linguagem e da comunicação social. O diagnóstico precoce é fundamental para que sejam iniciadas intervenções terapêuticas adequadas, que envolvem a reabilitação auditiva e fonoaudiológica.
Bebês que não reagem a sons ou apresentam alterações na triagem auditiva neonatal (teste da orelhinha) devem ser investigados.
Qual é o tratamento para a neuropatia auditiva?
O tratamento da neuropatia auditiva varia conforme a gravidade e o impacto na vida do paciente. As principais opções são:
- Aparelhos auditivos: podem ajudar em alguns casos leves, mas nem sempre são eficazes, já que o problema é na transmissão do som e não apenas na amplificação.
- Implante coclear: indicado em casos moderados a severos, principalmente quando os aparelhos auditivos convencionais não oferecem benefício. O implante substitui a função das células sensoriais da cóclea, estimulando diretamente as fibras do nervo auditivo e permitindo que os sinais sonoros sejam enviados ao cérebro.
- Terapia fonoaudiológica: fundamental para melhorar a percepção da fala e estratégias de comunicação.
- Acompanhamento médico contínuo: para monitorar a evolução do quadro e ajustar o tratamento conforme necessário.
A resposta ao tratamento é muito variável de paciente para paciente, e o planejamento deve ser individualizado.
Neuropatia auditiva tem cura?
A neuropatia auditiva, em muitos casos, não tem cura definitiva. No entanto, os avanços nos métodos de diagnóstico precoce e nos tratamentos de reabilitação, como o implante coclear, têm permitido uma grande melhora na qualidade de vida dos pacientes.
O mais importante é o diagnóstico precoce e a intervenção rápida para garantir o melhor desenvolvimento possível, especialmente em crianças.
Otorrino Rio de Janeiro
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