Meu filho respira pela boca, o que fazer? 

felippe felix otorrino rio de janeiro e niteroi

por: Felippe Felix

Durante o processo natural de respiração, o nariz desempenha diversas funções essenciais, como filtrar, umedecer, aquecer e condicionar o ar inspirado antes que ele alcance os pulmões. 

A respiração bucal, ou respiração oral, é um padrão respiratório em que a pessoa utiliza predominantemente a boca para a entrada e saída do ar, em vez do nariz. Também chamada de Síndrome do Respirador Oral, é uma condição comum em crianças e pode levar a uma série de complicações, desde infecções a dificuldade para dormir. 

Quais as características da criança portadora da síndrome do respirador oral?

A Síndrome do Respirador Oral refere-se a um conjunto de características associadas à respiração bucal persistente em crianças. Algumas das principais características observadas em crianças com essa síndrome podem incluir:

Excesso de saliva (baba): A respiração pela boca pode influenciar o aumento da produção de saliva, até como mecanismo do próprio corpo para evitar o ressecamento bucal. O excesso de saliva é uma das principais características do respirador oral.

Ronco e distúrbios do sono: Outra característica marcante das crianças com síndrome do respirador oral são os distúrbios do sono, como ronco, apneia do sono leve ou sono agitado.

Irritabilidade e sonolência diurna: A privação ou qualidade reduzida do sono podem levar a comportamentos irritáveis, falta de atenção e sonolência durante o dia.

Alterações faciais: Pode haver problemas de desenvolvimento da face ou mudanças na morfologia facial, como lábios ressecados, boca entreaberta, mandíbula proeminente e um formato facial alterado. 

Problemas dentários: A respiração oral crônica pode levar a problemas na arcada dentária e na mordida, como mordida aberta ou cruzada.

Infecções respiratórias: Crianças com respiração bucal podem ser mais propensas a infecções respiratórias superiores, como sinusite e amigdalite.

Problemas de aprendizagem: Em alguns casos, pode haver um impacto nas habilidades cognitivas devido à privação de oxigênio causada pela respiração oral.

A identificação precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações e promover um padrão de respiração nasal saudável, garantindo o desenvolvimento adequado da criança. Um acompanhamento com um profissional de saúde especializado pode ajudar a gerenciar essa condição de maneira eficaz.

Quais alterações faciais podem ocorrer em um respirador bucal?

Em crianças que respiram predominantemente pela boca, podem ocorrer algumas alterações faciais decorrentes desse padrão respiratório. Algumas das possíveis alterações incluem:

Mandíbula proeminente: A respiração oral crônica pode levar ao posicionamento da mandíbula para frente, resultando em uma aparência de queixo mais proeminente.

Lábios ressecados e entreabertos: A tendência a manter os lábios entreabertos para permitir a passagem do ar pode causar ressecamento labial crônico.

Alterações na posição dos dentes: A pressão constante da língua contra os dentes superiores pode alterar a posição dos dentes, levando a problemas de alinhamento dentário, como mordida aberta, mordida cruzada ou diastemas.

Alterações no desenvolvimento facial: A respiração bucal pode influenciar o crescimento e desenvolvimento facial, levando a modificações na estrutura facial, como o formato do palato, do arco dentário e da musculatura oral.

Desenvolvimento assimétrico: Em alguns casos, pode ocorrer assimetria facial devido ao desequilíbrio muscular causado pelo padrão de respiração oral.

Postura da cabeça e pescoço: Crianças que respiram pela boca podem adotar uma postura da cabeça e pescoço diferente para facilitar a respiração, o que pode influenciar a simetria facial e a postura corporal.

É importante destacar que nem todas essas alterações ocorrem em todas as crianças respiradoras bucais, e a intensidade das mudanças pode variar de acordo com a gravidade e a duração do problema respiratório. 

O que pode contribuir para que uma criança apresente o quadro de respirador bucal?

As causas da respiração bucal infantil podem ser diversas, desde problemas estruturais a hábitos inadequados. Alguns dos principais fatores que podem contribuir para a Síndrome do Respirador Oral incluem:

Obstrução nasal: A presença de alguma condição que obstrua as vias aéreas superiores, como alergias, sinusite, pólipos nasais, desvio de septo ou adenóides aumentadas, pode forçar a criança a respirar pela boca.

Amigdalite e Adenoidite: Infecções frequentes nas amígdalas ou adenóides podem causar inflamação, aumento e obstrução das vias respiratórias, levando a dificuldades para respirar pelo nariz.

Hábitos orais: Certos hábitos, como chupar o dedo ou a chupeta por longos períodos, podem influenciar o desenvolvimento da musculatura oral, levando a um posicionamento incorreto da língua e dos músculos faciais, resultando na respiração pela boca.

Anatomia facial e dentária: Anormalidades craniofaciais ou problemas dentários, como mordida cruzada, também podem contribuir para a respiração oral.

Fatores genéticos e hereditários: Em alguns casos, há uma predisposição genética para problemas respiratórios, o que pode tornar a criança mais suscetível a esse tipo de condição.

O que fazer quando a criança respira pela boca? Tratamentos para a respiração bucal infantil

O tratamento para a síndrome do respirador oral vai variar dependendo das causas subjacentes e das condições específicas de cada paciente. Alguns dos métodos de tratamento incluem:

Correção das causas subjacentes: Identificar e tratar as causas subjacentes, como obstruções nas vias aéreas superiores, alergias, problemas nas adenóides ou amígdalas, é crucial. Otorrinolaringologistas e especialistas em sono podem ajudar a determinar e corrigir essas condições.

Avaliação odontológica: Um dentista pode avaliar a estrutura facial, o alinhamento dos dentes e a mordida, além de sugerir tratamentos ortodônticos, se necessário, para corrigir problemas decorrentes da respiração oral.

Terapia miofuncional: Esta terapia inclui exercícios e técnicas para fortalecer os músculos orofaciais, melhorar a postura da língua, lábios e músculos da mastigação, ajudando a corrigir padrões inadequados de respiração.

Tratamento fonoaudiológico: O fonoaudiólogo pode oferecer terapias que visam melhorar a função oral, a postura da língua, a respiração nasal e a deglutição adequada, contribuindo para o desenvolvimento de padrões respiratórios saudáveis.

Monitoramento do sono: Em casos de distúrbios do sono, como apneia leve, apneia do sono ou ronco, o acompanhamento com especialistas em sono pode ser necessário. Em alguns casos, pode ser prescrito o uso de dispositivos para ajudar a melhorar a respiração durante o sono.

Aconselhamento e educação: Orientar pais e cuidadores sobre a importância da respiração nasal, hábitos saudáveis e técnicas para promover uma respiração correta e o desenvolvimento de padrões respiratórios ideais.

Identificar a causa subjacente é fundamental para corrigir o padrão de respiração e promover a saúde respiratória da criança. O tratamento vai variar conforme a gravidade e a causa da síndrome do respirador oral. O acompanhamento médico especializado é essencial para um diagnóstico preciso e a implementação do plano de tratamento mais adequado para cada situação.

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