Os pacientes com perda auditiva profunda bilateral que não conseguem ter benefício com o aparelhos auditivos convencionais (AASI), assim como pacientes com surdez severa sem melhora com os AASIs mais potentes disponíveis. Para esses casos, surgiu em 1976, em Los Angeles, o implante coclear, projeto elaborado pelo Dr. William House.
O implante coclear é composto de dois dispositivos: um interno, colocado cirurgicamente, com receptor, processador e cabo de eletrodos e um externo, composto por microfone, processador de fala e transmissor.
Ele funciona da seguinte forma: o aparelho externo capta os sons do ambiente, processa o som e transmite para o dispositivo interno, colocado na cirurgia. Esse dispositivo tem um cabo com diversos eletrodos que foi colocado dentro da cóclea. Lá dentro, ele estimula eletricamente as fibras nervosas do nervo auditivo transmitindo as informações sonoras
para o cérebro.
As principais indicações são:
Perda Auditiva Severa ou Profunda com média tonal de 70dB ou pior;
Uso apropriado de prótese convencional por período de 1 a 3 meses sem melhora significativa no adulto e 3 a 6 meses na criança; Sem evidência de lesão de SNC ou ausência de nervo VIII;
Todos os pacientes devem passar por avaliação multiprofissional com: exame otorrinolaringológico com investigação etiológica da surdez; exames de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética) para avaliar, entre outras coisas, perviedade da cóclea e presença de nervo auditivo; avaliação audiológica com e sem aparelho auditivo, e avaliação de aspectos cognitivos, emocionais e motivação do indivíduo e da família.
As principais contraindicações são:
Condições médicas ou psicológicas que possam contraindicar a cirurgia;
Adultos pré-linguais sem fluência de linguagem ou compreensão das limitações do dispositivo;
Agenesia da cóclea ou nervo coclear;
Lesões centrais;
Infecção ativa de orelha média;
Famílias com expectativas irreais quanto aos benefícios, aos resultados e às limitações do implante coclear.
A cirurgia é realizada, na grande maioria das vezes, sob anestesia geral e a colocação do dispositivo interno é realizada através do acesso pelo osso da mastóide. É realizada uma incisão retroauricular, com antrostomia e timpanotomia posterior. A partir daí, o cabo de eletrodos deve ser inserido na escala timpânica da cóclea e isso pode ser realizado através da própria janela redonda ou de um orifício criado chamado cocleostomia. Na própria cirurgia, é realizada a neurotelemetria, um teste audiológico, para checar a função do aparelho implantado e uma radiografia para confirmar a posição do cabo de eletrodos na cóclea.
A ativação do implante ocorre 4 semanas após cirurgia. A partir daí, o acompanhamento é interdisciplinar com consultas periódicas para: avaliação otorrinolaringológica; mapeamento e balanceamento de eletrodos; audiometria em campo livre; testes de percepção da fala e orientação fonoaudiológica.
No Brasil, temos quatro grandes marcas de Implante Coclear (em ordem alfabética): Advanced Bionics, Cochlear, Medel e Oticon.